Nomes de irmãos
Uma das minhas convicções mais firmes em relação a nomes é que os nomes dos irmãos têm de formar um conjunto harmonioso. Para mim, tem de haver alguma ligação entre os nomes, mesmo que subtil, que nos lembre que foram as mesmas pessoas que escolheram os vários nomes.
Há quem leve isto muito a sério: escolhendo nomes começados todos pela mesmo letra, ou com o mesmo número de letras, ou só nomes de reis portugueses, ou só nomes de flores, ou nomes de personagens da mesma história, ou nomes que rimem... Gosto de todos estes temas, mas também gosto de outras ligações menos marcantes entre nomes.
Por exemplo, conheço irmãos chamados Miguel, Rafael e Gabriel, os nomes dos arcanjos, e acho amoroso. Também conheço irmãs chamadas Margarida, Mariana e Madalena, o que também acho lindo. E conheço irmãos chamados Margarida, Francisco e Constança (todos com 9 letras) e acho muito querida esta ligação, mesmo sendo mais subtil. Mas não vou ao ponto de gostar de combinações como Bruno e Bruna, ou João e Joana, porque há tantos nomes lindos no mundo que me parece falta de imaginação.
O que não gosto mesmo são nomes de irmãos que estão nos dois extremos de um espectro. Por exemplo:
- Um nome muito curto e um nome muito extenso. Eva e Alexandrina não parecem os nomes de duas irmãs. Ou Rui e Guilherme.
- Um nome histórico em Portugal, e um nome estrangeiro. Duarte e Ivan não parecem dois nomes escolhidos pelos mesmos pais. Nem Yasmin e Mafalda.
- Um nome muito comum e um nome muito invulgar. Como Zacarias e Francisco. Ou Margarida e Estefânia.
- Nomes associados a duas gerações completamente díspares. Como Amélia e Tatiana. Ou Alfredo e Dário.
E, acreditem, já ouvi combinações ainda mais incríveis do que as que exemplifico aqui!
Poderão pensar que não tenho nada a ver com as escolhas dos outros. E não tenho. Mas fico triste pelas crianças, pela injustiça que se cria entre irmãos.
Se eu fosse a irmã que tem o nome «estranho», aquela que tem o nome mais difícil de escrever, que tem de soletrar sempre o nome para ser bem escrito, a quem é sempre perguntado «Nasceste em Portugal?» ou «Esse é um nome de família?» ou que tivesse de explicar sempre como surgiu a ideia daquele nome (a mim que nem sequer tinha tido uma palavra a dizer nessa escolha) - se eu fosse essa pessoa, ganharia ressentimento contra os meus pais que escolheram um nome assim, contra a minha irmã que não entende o problema que é ter um nome assim, e contra todas as pessoas que têm um comentário a fazer sobre aquele nome, ou que erram ao tentar escrevê-lo. E crescer com um ressentimento assim só faz mal a todos.
Mas, se eu fosse a irmã com um nome curto e fácil de escrever, ou mais comum, ou mais «português», também poderia ficar ressentida, porque o meu nome seria demasiado «normal», «aborrecido», desinteressante, e ninguém estaria interessado no porquê de me chamar Joana, ou Rita, ou Sara, quando a minha irmã tem um nome exótico, longo e «especial».
Claro que estou a caricaturar as situações, mas para mim, o tema da «justeza» ou justiça na escolha de nomes de irmãos é extremamente importante. Os nomes são o legado mais duradouro que os pais dão aos filhos: fica para sempre, porque mesmo depois de morrermos, perduram na árvore genealógica dos nossos netos e bisnetos. Portanto, penso que devem ser um testemunho de como os pais amam do mesmo modo todos os filhos, e de como são todos igualmente especiais.
Por fim, e mais especificamente devido à minha sensibilidade católica, não gosto muito de grupos de irmãos em que um tem um nome com uma óbvia ligação à fé católica, e o outro não, apesar de serem nomes do mesmo «estilo». Um exemplo seria Teresa e Leonor. Outro é António e Vasco. Ou Domingos e Gustavo. Ou Carminho e Carolina.
Estes casos fazem-me confusão por uma razão diferente: porque uma das crianças tem um santo padroeiro, e um santo bem conhecido - pelo que é fácil encontrar postais, livros, estatuetas, medalhinhas e outras recordações associadas ao santo - e a outra não. Como católica, isso entristece-me, porque, para mim, é importante ter uma santa padroeira, e uma santa conhecida, que me permite encontrar recordações ligadas a ela e descobrir facilmente a sua história, porque é ao seu exemplo de santidade que eu devo, em especial, aspirar.
Aliás, uma das ligações subtis entre nomes de irmãos de que eu mais gosto é aquela que está relacionada com a fé católica. O exemplo, já referido, dos nomes dos arcanjos é muito bom, mas os pais também podem escolher, para os filhos, nomes dos vários Apóstolos, nomes de santos que são irmãos, nomes de santos do mesmo país ou da mesma época, nomes de Papas santos, etc. Como exemplos de santos irmãos temos, naturalmente, Santa Jacinta e São Francisco Marto, mas também alguns dos Apóstolos: Santo André e São (Simão) Pedro, e ainda São João e São Tiago.
Quais são as vossas opiniões sobre escolher nomes de irmãos? Têm outras ideias? Gostam de nomes «a combinar», ou preferem mais diversidade?
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