Nomes bíblicos: Madalena
Madalena é um dos nomes mais populares atualmente em Portugal. O que é interessante é que começou por ser um apelido, ou uma alcunha, ou o equivalente a um cognome, para distinguir uma das muitas Marias referidas nos Evangelhos. Tomemos como exemplo este trecho: «Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena.» (Jo 19, 25) Numa só frase, encontramos referidas três Marias diferentes, o que explica a necessidade que os evangelistas sentiram de distingui-las.
Maria Madalena é outra maneira de nos referirmos a Maria de Magdala, daí que uma das variantes do nome seja Magda. O nome Madalena significa, precisamente, «de Magdala», sendo que Magdala era uma aldeia da Galileia. O nome desta aldeia deriva da palavra hebraica para «torre».
Todos conhecemos esta figura bíblica, mas nem todas as ideias que temos acerca dela são comprováveis. Maria Madalena era uma das discípulas mais dedicadas de Jesus, acompanhando Jesus e os doze Apóstolos nas viagens em que anunciavam o Reino de Deus e servindo-os com os seus bens. A Bíblia diz que Maria Madalena foi curada por Jesus de sete demónios.
Sabemos também que Maria Madalena acompanhou Jesus durante a sua crucifixão e morte, conforme a citação já apresentada. E esteve também presente, na manhã do domingo de Páscoa, junto do túmulo, encontrando-o vazio. Segundo o Evangelho de São João, Maria Madalena foi a primeira pessoa a quem Jesus ressuscitado apareceu, pedindo-lhe que anunciasse aos discípulos que Ele iria subir aos Céus.
Nada na Bíblia nos diz que Maria Madalena era uma pecadora arrependida, uma prostituta ou uma mulher adúltera, ou que «chorou que nem uma Madalena», e eu prefiro não alimentar especulações.
São Tomás de Aquino chamou a Maria de Magdala a «Apóstola dos Apóstolos», na medida em que lhe foi dada a missão de anunciar a ressurreição aos próprios Apóstolos. Em junho de 2016, a memória de Santa Maria Madalena, celebrada sempre a 22 de julho, foi elevada a Festa litúrgica, o que significa que foi tornada equivalente às festas dos Apóstolos e dos Evangelistas.
O nome Madalena é um nome tradicional e intemporal em Portugal. Recordo, em particular, o facto de uma das personagens principais da obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, se chamar Madalena. A obra foi publicada em meados do século XIX, mas a história decorre no século XVI, o que denota como o nome era comum nestas épocas no nosso país. No entanto, não deixa de ser um nome atual: ocupa o 18.º lugar no ranking de registos de 2016.
Curiosamente, noutros países não alcança a mesma popularidade, mesmo nas variantes próprias de cada língua: Madeleine ocupou o 234.º lugar no ranking francês de 2015 e Madeline ocupou o 349.º lugar no ranking de Inglaterra e País de Gales de 2016. Mas nos Estados Unidos, a variante Madelyn consta no 62.º lugar do ranking de 2016 e Madeline fica em 91.º lugar (o que, num país com grande variedade de nomes, já é dizer muito).
É um nome considerado clássico, mas perfeitamente adequado para uma menina nascida no século XXI. O diminutivo mais comum no nosso país, embora não o tenha ouvido em referência a crianças, é Lena. Também é de referir uma associação usual que se faz com o nome Madalena: os bolos chamados madalenas, semelhantes a queques.
Para mim, Madalena é um dos nomes mais belos da língua portuguesa. O que pensam deste nome?
Fontes da pesquisa:
https://www.behindthename.com/name/magdalene
http://dmnes.org/name/Magdalene
https://www.britannica.com/biography/Saint-Mary-Magdalene
http://observador.pt/opiniao/maria-madalena-a-apostola-dos-apostolos/
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